HOMENAGENS

Joaquim Torres

Foquista

Uma imagem fora de foco incomoda muito. Assim Joaquim Torres, homenageado do Cinefest São Jorge 2021, começa falando da importância da profissão de foquista de cinema. Ele iniciou sua carreira como boy de set de filmagem em produção do cineasta Cacá Diegues, na década de 1980. Foi operador de VT e depois se estabeleceu como foquista, trabalhando em produções cinematográficas do porte de Guerra de Canudos, O Auto da Compadecida e Faroeste Caboclo. Além de dominar aspectos técnicos como movimentações de câmeras, domínio de lentes e filtros, o foquista precisa estar afiado com o roteiro e com os atores, pois o foco ou o desfoque tem uma intenção, tem ritmo e sentimento; faz parte da narrativa e é um dos recursos técnicos para atingir o efeito pensado pelo diretor do filme, com quem o foquista tem que estar em constante diálogo. É também um trabalho intuitivo, já que a cena é viva e muitas vezes pede um improviso. Seu papel, portanto, não é só ajustar o foco, “girando lente”, como ele mesmo diz, mas estar inteiro dentro da cena, fazendo os ajustes necessários. Para as novas gerações, Joaquim Torres recomenda não deixar que as inovações tecnológicas superem a essência da sétima arte, que permanece a mesma desde os tempos da película. Um foquista precisa saber operar seus instrumentos, mas também estar inteirado dos vários aspectos de uma filmagem para que essa harmonia se reflita no encanto que uma cena bem feita provoca no público, objetivo final do cinema.

Teia

Moradora da região

Nascida em São Jorge pelas mãos da parteira Mãe Onéia, Téia iniciou sua carreira de professora aos 18 anos. Foi também a primeira mulher presidente da ASJOR (Associação de Moradores de São Jorge). Sua liderança comunitária foi se desenvolvendo num encontro de culturas distintas: a do garimpo, que ainda resistia com seus modos de vida, e a dos visitantes e ambientalistas que passaram a frequentar o povoado na década de 1990. Foi uma das principais articuladoras para a vinda de cursos de treinamento e capacitação, com o objetivo de inserir as famílias de moradores no processo de transição que acontecia com a chegada do turismo ecológico. De 2004 a 2008 foi vereadora pelo Distrito de São Jorge, dando continuidade a seu papel de interlocutora e levando ao poder público as reivindicações da comunidade. Seja visitante ou morador, sua casa está sempre aberta para ouvir, dar informações ou encaminhar questões importantes. Essa ponte entre mundos foi e segue sendo fundamental, inclusive, para a preservação da memória coletiva. É essa trajetória que legitima Téia como uma autêntica referência às raízes de São Jorge, quando o povoado resistia a tempos difíceis através de ações coletivas encabeçadas por líderes que fortaleciam os laços de pertencimento. Por sua dedicação, a comunidade agradece!

O Festival de Cinema da Chapada dos Veadeiros

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